Primeiro Canto para Julieta | série (desenhos) 2010 A minha sina me fez mais andarilha do que eu mesma quis acreditar que sou. Na minha teimosia por criar raízes, falar das raízes, sofrer de raízes, eu achava que era isso, quando na verdade, o que eu pensava ser raiz, é vínculo. E mesmo gostando de manter os laços, fui morar longe para encontrar o que havia de mais perto em mim. Passei três anos, entre 2010 e 2013 em Frankfurt, na Alemanha, trabalhando em meu ateliê. Sempre estive conectada com o que veio antes. E também com quem veio antes. Talvez por isso, e também por uma afinidade indizível, eu me interessei por saber mais sobre a minha avó materna. Sempre guardei os presentes que eu ganhei dela, fotos, pequenas bijuterias, receitas, livros de beleza e outros objetos, como pequenos tesouros. Como símbolos místicos e mapas para lugares misteriosos. E o meu universo se tornou bem maior do que eu mesma saberia dimensionar. Minha avó era cabeleireira. Dos cabelos, das raízes, dos lugares e das mudanças, é o que eu agora (e ainda) quero saber. Por isso pesquiso. Por isso traço linhas. Linhas como caminhos para entender, questionar o que parece tão extraterrestre e que também é tão familiar. E meu. Bem vindos ao meu universo.